Aumento da longevidade das pessoas que vivem com HIV traz novos desafios como questões de ordem psicossociais

É preciso uma revisão dos objetivos pessoais e profissionais e novas ponderações acerca das expectativas e crenças com relação ao tratamento

Novos desafios estão postos frente às tendências de aumento da longevidade das pessoas que vivem com HIV/aids. Questões de ordem psicossociais como, por exemplo, os vínculos afetivos, a vivência da sexualidade, o desejo da paternidade/maternidade com parceiros com sorologia igual ou diferente, impactam na vida das pessoas e dos serviços de saúde que provêem cuidados a estes usuários.

É preciso uma revisão dos objetivos pessoais e profissionais e novas ponderações acerca das expectativas e crenças com relação ao tratamento. Por outro lado, os transtornos psiquiátricos como depressão, dependência e abuso de álcool, drogas e tabaco, entre outros, são cada vez mais frequentes nessa população. O diagnóstico e o tratamento dos transtornos são fundamentais para melhorar a qualidade de vida desses pacientes. No entanto, a maioria dos casos não é diagnosticada e muitas vezes os sintomas são pouco valorizados.

Este quadro é o tema da participação do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) da Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura de Campinas, como acontece sempre às quintas-feiras, após as 17h30, no bloco “A cidade em debate” do “Globo Cidade” apresentado pelo âncora Marco Massiarelli pela rádio “Globo AM 1390” (www.globocampinas.com.br ). E para falar sobre este assunto o Programa Municipal de DST/Aids de Campinas coloca à disposição a psicóloga Osmarina Ruiz, do Centro de Referência (CR) do Programa de DST/Aids de Campinas.

O impacto na saúde mental das pessoas que vivem com HIV/aids acontece desde o momento do diagnóstico, alterando com a progressão da doença. O medo da morte, da revelação do diagnóstico, que podem levar à depressão e isolamento, por exemplo, devem ser priorizados, pois debilitam ainda mais o sistema de defesa e tem um resultado muito negativo na adesão ao tratamento, na maioria dos casos.

Essas questões são normalmente tratadas pelas equipes multidisciplinares dos Serviços de Assistência Especializada (SAE) em HIV/aids, quando contam com profissionais de saúde mental. No caso de transtornos mais graves, é recomendado o encaminhamento para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). O Departamento Nacional DST/Aids investiu no treinamento das equipes dos CAPS, para a construção de uma rede de referência e contra-referência com os serviços de HIV/aids de estados e municípios. Além disso, investe também na atenção às pessoas que vivem com HIV/aids que usam álcool e outras drogas, incorporando a estratégia de Redução de Danos nos SAE, como uma das prioridades no cuidado à saúde mental dessas pessoas.

Trabalhando saúde mental nos serviços de saúde

No trabalho com pacientes vivendo com HIV/Aids é preciso incluir a subjetividade como tema, a fim de promover intervenções que considerem a multiplicidade do sofrimento de quem adoece pelo HIV. Deve-se também considerar a noção de vulnerabilidade.


Uma equipe de saúde mental pode ser composta por:

. Assistentes sociais
. Psicólogos
. Psiquiatras

Objetivos das ações de em Saúde Mental e aids:

. Identificar o grau de sofrimento psíquico
. Abordar a relação do sujeito com a doença
. Identificar estratégias de atuação e encaminhamento
. Promover reabilitação psicossocial
. Diminuir do sofrimento psíquico
. Buscar significações psicossociais da doença

O trabalho em saúde mental e aids pode ser desenvolvido com várias populações e com diversos embasamentos, por exemplo:

. Crianças
. Revelação diagnóstica
. Projeto e perspectiva de vida
. Violência: (A) física (B) sexual

Compreensão sobre a adesão:
(A) colaboração da criança (B) envolvimento dos pais

Discriminação: (A) ambiente escolar (B) ambiente familiar

. Suporte social
. Adolescentes
. Impacto do diagnóstico
. Sexualidade
. Efeitos colaterais da medicação (lipodistrofia)
. Inserção no mercado de trabalho
. Relacionamento familiar
. Rede social
. Adesão ao tratamento
. Discriminação
. Vulnerabilidade social e psíquica
. Adultos
. Impacto do diagnóstico
. Perdas (saúde, financeiras, sociais)
. Promoção de renda
. Adesão ao tratamento
. Efeitos colaterais da medicação
. Sexualidade
. Retomada da vida afetiva
. Experiência subjetiva da doença
Comorbidades psiquiátricas

As atividades podem ser desenvolvidas individualmente (aconselhamento, psicoterapia, consultas) ou em atendimentos grupais:

. Grupo de pacientes com lipodistrofia
. Grupo de adesão
. Grupo de arteterapia
. Grupo de gestantes
. Grupo de pacientes com hepatite
. Grupo de sala de espera
. Serviços que não possuem equipe mínima de saúde mental podem contemplar um atendimento que tenha esta questão como embasamento levando em conta:

. Integralidade do paciente (abordagem no sujeito e não só o sintoma)
. Introduzir questões que contemplem aspectos da saúde mental nas consultas
. Ênfase no vínculo
. Participar da construção da rede de referência e contra-referência


Mais informações à Imprensa: (19) 9373 – 5001, com Eli Fernandes